Pacientes do Caps Boa Vista conhecem conto de Machado de Assis




Pacientes do Caps Boa Vista conhecem conto de Machado de Assis. Foto: Divulgação


Um mergulho na literatura de Machado de Assis. Assim foi, nesta sexta-feira (25/10), a manhã de parte dos pacientes atendidos no Centro de Atenção Psicossocial (Caps) da Regional Boa Vista - unidade de saúde da Prefeitura especializada no acompanhamento de pessoas com diferentes tipos de transtornos mentais. A atividade é apoiada pela Lei de Incentivo à Cultura, da Fundação Cultural e Prefeitura.

Durante uma hora, sete adultos de 20 a 65 anos participaram da roda de leitura Machado 180: O Que Contam as Carolinas. A ação fez parte do projeto proposto pelo espaço de criação Movimento Enxame, em 2018, para marcar os 180 anos do nascimento do escritor. O objetivo do evento, concebido para despertar o gosto pela leitura, foi abordar a presença das mulheres fortes na prosa machadiana.

Conduzidos pela mediadora de leitura Juliane Caroline Fernandes Souto e supervisionados pela terapeuta ocupacional Suellen Merencio da Silva, eles receberam cópias do conto Capítulo dos Chapéus e viajaram na leitura do texto a ponto de esquecer que sua presença, ali, era parte comum do plano terapêutico elaborado para cada um. Nenhum deles conhecia o conto escolhido - um texto originalmente publicado no jornal Gazeta de Notícias, em 1883, e que a seguir veio a integrar o livro Histórias Sem Data.

Interesse e importância
Um dos mais participativos da roda de leitura, Ricardo Apolônio de Souza contou que, há três anos, faz acompanhamento na unidade de saúde. Chegou ao encontro literário querendo saber da mediadora o significado da palavra literatura e prestou muita atenção na leitura dramatizada do conto.

“Nunca tinha participado de nada parecido. Estou achando bom saber sobre coisas diferentes. Se tiver mais vezes, posso vir de novo”, disse Ricardo.

Para o coordenador do Caps Boa Vista, o psicólogo Marcelo Costa Benatto, a proposta funciona como uma estratégia de apoio ao tratamento multidisciplinar à saúde mental de cada usuário do espaço. “É uma oportunidade de socialização, interação, estimulação cognitiva e também um exercício de tolerância à frustração, pois implica uma série de atitudes para estar na atividade na hora certa, permanecer e aguardar para se manifestar enquanto o outro está com a palavra”, explica.

Em todos os lugares
Atividades como as realizadas no Caps também acontecem em outros locais. É o caso de escolas, centros municipais de educação infantil, Centros Pop (para acolhimento de pessoas em situação de rua) e da Maternidade do Bairro Novo, que recebem visitas de mediadores das 17 Casas da Leitura integrantes do programa Curitiba Lê, da Fundação Cultural.

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