Coronavírus: “manter a calma e ficar em casa”, diz médico que atuou perto de WuhanBR

O médico Xiang Lu é um dos milhares de chineses que combateram o surto da covid-19 na província de Hubei, onde surgiram os primeiros casos; conversa com ONU News aconteceu em 23 de março quando área deixava de ser foco da epidemia; profissional relata situação muito melhor quando retornava à casa.*


O médico Xiang Lu foi vice-diretor da missão médica de Jiang Su em Huang Sim.

No calendário chinês, 20 de março de 2020 marca a chegada da primavera. Esta estação do ano é muito aguardada pela população da China, em especial na província central de Hubei. Mas em janeiro, a região era o foco do surto da covid-19.

A situação da epidemia apenas mudou quando, em 18 de março, a província notificou zero novos casos da doença. Mais de 42 mil médicos atuando na linha de frente já podiam retornar às suas áreas de origem em toda a China.

Funcionários O médico Xiang Lu foi um dos profissionais despachados a partir da província de Jiangsu para a cidade de Huangshi, em Hubei. Quando foi destacado para a nova missão, ele era supervisor do Hospital Yifu da Universidade de Medicina de Nanjing.

No total, Hubei acolheu 346 equipes médicas de 29 províncias da China. Eles se juntaram aos funcionários de saúde locais.

Em 24 de janeiro, um primeiro grupo composto por seis médicos e vários enfermeiros foi despachado do Hospital Yifu, principalmente de unidades de cuidados intensivos. Xiang, com 30 anos de experiência, integrou um grupo que só chegou a Huangshi em 11 de fevereiro.

Em oito hospitais repletos havia uo total de 800 pacientes. Destes, cerca de 100 estavam em estado crítico.  Em sua equipe, o especialista  não conhecia os integrantes de Huangshi. Mas disse que apesar de pressionado, estava “também cheio de confiança” com a disposição dessas pessoas de atuar na batalha. 

Esforços
Quando a epidemia estava perto de atingir o seu pico, um paciente se recuperou após os esforços de Xiang e sua equipe médica. Isso animava o grupo que estava muito cansado e enfrentava a falta de materiais de proteção.

O médico destaca que a equipe havia chegado no momento mais difícil e no período mais intenso da batalha contra o novo coronavírus. Ele confessa que “foi realmente difícil: com as condições ruins, não há como combater a guerra.”

Nas duas primeiras semanas, o trabalho dos profissionais ocupava quase o tempo todo que “não havia tempo para comer, muito menos para entrar em contacto com as famílias.” Ele contou que o hospital teve que ser renovado “para aumentar o número de leitos e concentrar pacientes críticos em um dos hospitais melhor equipados.”

Ele chegou a atuar “como carpinteiro temporário, para transformar enfermarias de clínica geral em enfermarias de terapia intensiva, que obedecessem os padrões nacionais da noite para o dia!”

Ventilador
Sem qualquer medicamento para curar a covid-19, “a experiência é que foi importante para diagnosticar e procurar tratar os pacientes o mais cedo possível”. Entre os casos mais encorajadores estava o de um paciente de 93 anos em estado crítico que se recuperou. Um outro teve alta do hospital após ter sido intubado num ventilador.

O médico disse que um sinal de solidariedade e apoio internacional foi o movimento criado desde o início da epidemia. A Organização Mundial da Saúde, OMS, e outras entidades fizeram avaliações objetivas sobre o combate à epidemia na China e tomaram “decisões corretas”. 

Xiang disse que um dos obstáculos é não ser incompreendido pelos outros. Ele destaca que médicos não têm medo de dificuldades, nem da fadiga mas esperam que as pessoas possam entende-los da maneira certa, especialmente em tempos difíceis como os atuais.”

Calma
Durante o enfrentamento da pandemia em Hubei, o especialista disse que nenhum dos membros da equipe médica que ele liderou foi infetado. A mensagem dele para o público em geral é “não entre em pânico!”.

Com o aumento nos casos, Xiang  disse que muitas pessoas ficaram nessa situação e foram parar nos hospitais, o que causou infeções cruzadas. Para ele, manter a calma e ficar em casa sempre que possível é “a mais importante experiência para compartilhar com o mundo”.

Com Informações da ONU

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