Interdependência: pequenos agricultores e indústria de refeições coletivas impulsionam agricultura familiar

Interdependência: pequenos agricultores e indústria de refeições coletivas impulsionam agricultura familiar num ciclo altamente sustentável



Diante de um dos principais problemas da Agricultura Familiar, que é a comercialização do alimento, relação de interdependência entre indústria e produtor garante mercado para escoamento da produção, segurança financeira às famílias e perspectivas para novos investimentos, crescimento e profissionalização


Interdependência: pequenos agricultores e indústria de refeições coletivas impulsionam agricultura familiar num ciclo altamente sustentável


Diante de um dos principais problemas da Agricultura Familiar, que é a comercialização do alimento, relação de interdependência entre indústria e produtor garante mercado para escoamento da produção, segurança financeira às famílias e perspectivas para novos investimentos, crescimento e profissionalização


O Brasil é uma das principais potências agrícolas do mundo, sendo o maior exportador mundial de commodities do agronegócio, com aproximadamente 250 milhões de toneladas de grãos. O cenário é otimista mesmo que o país ainda tenha marcas negativas provenientes das iniciativas públicas, depositando agora sua energia nas indústrias que, com sua capacidade visionária, consegue dar novos rumos ao país.


Dados da ABERC – Associação Brasileira das Empresas de Refeições Coletivas estimam que até o final de 2020 esse segmento deva faturar na ordem de R$ 23.1 bilhões. E, diante de um dos maiores problemas do agronegócio, que é justamente o escoamento da produção, o setor é um forte aliado da agricultura familiar.


“A falta de investimentos nas ferrovias e hidrovias somada à dependência das rodovias em nosso país são sinônimo de custo mais alto. Fatores climáticos, oferta e demanda, oscilações de mercado. Tudo isso tem impedido que o agronegócio seja mais competitivo no nosso país, influenciando diretamente na renda do produtor”, comenta o Ph.D. em economia, Judas Tadeu Grassi Mendes.


Diante disso, muitas empresas têm apostado na valorização do agricultor local para estabelecer o que se chama de dependência recíproca ou interdependência. “Nós temos mercado garantido para que esses produtores locais possam entregar seus produtos. Produzimos diariamente mais de 550 mil refeições nos sete estados em que atuamos, no Sul, Sudeste e Nordeste, e a prioridade é respeitar o trabalho do empreendedor local, valorizando o produto da região, usando a sazonalidade ao nosso favor e, principalmente, garantindo ao nosso consumidor o produto fresco”, explica o Diretor Presidente do Grupo Risotolândia – Carlos Humberto de Souza.


Há mais de 66 anos no mercado, o grupo é líder no segmento de refeições coletivas no Sul e está na quarta posição do ranking nacional, trabalhando sempre com foco no total na qualidade, segurança e sabor do alimento, que é capaz de promover saúde e bem estar.  “Esses pequenos produtores, em muitos casos, produzem apenas para nós, tendo 100% do seu faturamento assegurado pelas compras da nossa empresa. O produto é entregue diariamente e sempre fresquinho, o que faz toda a diferença nos nossos cardápios, garantindo a todos uma segurança muito grande a partir de uma relação de dependência recíproca num ciclo altamente sustentável” explica Carlos Humberto de Souza – Diretor Presidente do Grupo.


E, mesmo diante das dificuldades, cada vez mais a agricultura familiar se posiciona como essencial ao equilíbrio nacional, tanto em aspectos econômicos quanto sociais. Exemplo disso é a história da família Surek. Com uma propriedade em Araucária (PR), na região da Colônia Cristina, a família (formada pelo casal Augusto e Elizete e seus dois filhos) planta, cultiva, colhe e vende toda a produção exclusivamente para o Grupo Risotolândia, desde 2006. No primeiro ano a venda da família foi de quase R$ 11 mil reais, apenas com fornecimento de folhosos. Hoje, com folhosos e alguns outros alimentos, os agricultores fecharam 2019 com uma venda superior aos R$ 172 mil.


“Tudo o que construímos foi porque a parceria com a Risotolândia nos permitiu. Além da construção da nossa casa própria, nosso maior orgulho é podermos oferecer aos nossos filhos a oportunidade de estudo, que eu e marido não tivemos anos atrás”, disse Elizete.


Além disso, a segurança financeira permitiu à família um importante investimento: a construção de um novo barracão para aumentar a estrutura da produção, aferindo ainda mais qualidade aos produtos. “A Risotolândia é nossa única cliente e toda nossa renda vem dessa parceria. É uma relação de confiança, proximidade e transparência. Temos a segurança de escoar toda a nossa produção para eles, então sabemos que podemos continuar expandindo, não só em variedade de produtos, mas principalmente em qualidade. A empresa está sempre acompanhando de perto nossa produção, nos visitando e atualizando o processo de homologação, que segue rigorosos critérios de qualidade na escolha do fornecedor”, complementa a agricultora.


Logo após colher no campo, ao lado do marido e dos filhos, os produtos que a Risotolândia formaliza em pedido, Elizete organiza a entrega, feita com dois caminhões particulares. “No começo tínhamos uma Kombi. Mas com o passar dos anos e a consolidação dessa parceria, foi possível crescer e construir nossa vida. Temos em nossas mãos a possibilidade de investir nesse negócio que está no DNA da família, que herdamos de gerações passadas e cuidamos com muito amo. Nossos esforços estão 100% dedicados à Risotolândia e hoje a preocupação é atender e entregar, pois existe muita reciprocidade. Tenho orgulho em plantar, cultivar, colher e fazer as entregas pessoalmente, tudo sempre fresquinho e com qualidade garantida, tipo comida de família, sabe?”, finaliza.


Outro case de interdependência sustentável do Grupo Paranaense é com a família Valenga, que desde 2001 dedica todo seu tempo e produção às operações da empresa. Com uma chácara em São José dos Pinhais (na RMC de Curitiba), a família fornece uma grande variedade de folhosos, sendo que no plantio, cultivo, colheita e entrega dos produtos trabalham o Sr. Edvino e seus filhos Max e Charles. De todos os itens, a alface é o carro chefe. “É o que mais produzimos e vendemos à Risotolândia”, comenta Max.


Atualmente a empresa recebe quase 15 variedades de folhosos da família através de uma parceria consolidada com muito comprometimento. “Trata-se de confiança mútua. Nos dedicamos para entregar tudo certinho e fresquinho, todos os dias. Recebemos os pedidos depois do almoço, fazemos a colheita no final do dia para que, na manhã seguinte, por volta de 6h, os folhosos já estejam na Risotolândia para serem manipulados e utilizados nas refeições”, explica ‘seu Edvino’, como é chamado. 


Atualmente todo o trabalho de produção da família Valenga é feito em campo aberto, mas para 2020 já estão certos investimentos em estufas para garantir produto de qualidade nas épocas com maiores problemas climáticos.  “Tudo que plantamos é vendido à Risotolândia. A empresa é nossa única cliente, nosso sustento, fonte de renda para novos investimentos, nossa base e segurança”, fala Edvino.


“Qualidade sempre será a maior preocupação, pois sabemos da exigência da empresa no que se refere ao padrão. O produto local e fresco, entregue todos os dias, faz a diferença e nós sabemos o quanto o cliente e os consumidores finais valorizam isso” acrescenta Max.  No primeiro ano de trabalho com a Risotolândia a família vendeu ao grupo mais de R$ 142 mil e, em 2019, a venda chegou a R$ 608 mil.


Muita gente não sabe, mas o PR é um dos maiores produtores de frutas do país e, no litoral do Estado, se destaca a bananicultura, praticada por muitas famílias locais. Uma delas é a família Gurgel, também fornecedora do Grupo Risotolândia. Com produção em Guaratuba, na região de Cubatão, o “bananal” dos irmãos Gurgel fica dentro de uma área de proteção ambiental e, por isso, é gerido por um conselho, com muitas restrições e diretrizes para o cultivo.


Ricardo e Fábia, engenheiros agrônomos, são os responsáveis pela produção de banana caturra ou nanica, prata e maça.  A Risotolândia não é a única cliente da família, mas é a maior. Para atender a demanda da Risotolândia, a família produz, transporta e climatiza – para chegar no ponto correto de maturação da fruta – para então fazer as entregas diárias, garantindo bananas sempre fresquinhas, com a máxima qualidade e características únicas de um produto local.


“Nós trabalhamos por muitos anos com exportação. Mas, depois de formados, verticalizamos a produção. Antigamente o foco era carga fechada de banana verde para atacadistas. Foi quando montamos toda a estrutura, compramos caminhão e a Risotolândia surgiu como primeira grande cliente”, explica Ricardo.


Para ele, não é apenas uma parceria: é um casamento! “Namoramos muito tempo com a Risotolândia. Começamos com um volume pequeno de entregas e atualmente temos uma enorme demanda. A média de consumo mensal da empresa vai de 30 a 50 toneladas, dependendo do calendário. Para fevereiro, por exemplo, estimamos em 35 toneladas apenas de banana caturra”, comenta Ricardo.  Orgulhoso, ele conta que nunca falhou em nenhuma entrega, assim como a Risotolândia também nunca falhou com seus compromissos. “Realmente conseguimos fazer a engrenagem rodar. Construímos uma história com a empresa, uma relação de proximidade e transparência. Eles nos entendem, pois assim como nós conhecem o mercado, sabem como a questão preço nem sempre é fácil de administrar, fora as intempéries do tempo, que não podemos evitar”, acrescenta o engenheiro.


Ele e a irmã contam com a Declaração de Aptidão ao Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (DAP), que é um instrumento que identifica e qualifica Unidades Familiares de Produção Agrária (UFPA) da agricultura familiar e suas formas associativas organizadas em pessoas jurídicas. A DAP é a porta de entrada do agricultor familiar às políticas públicas de incentivo à produção e geração de renda. A parceria da família Gurgel com a empresa iniciou em 2010, com uma venda de mais de R$ 13 mil. Em 2019 o valor de venda chegou a R$ 419 mil.

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