Preocupação de líderes mundiais com o Brasil repercute em toda a Europa


Na véspera do feriado de 7 de setembro no Brasil, personalidades internacionais assinaram um manifesto em que alertam sobre a possibilidade de violência e ataques contra as instituições políticas e judiciárias. O grupo acusa o Presidente brasileiro de ameaçar as instituições democráticas e dizem temer um golpe de Estado.


Mais de 150 políticos progressistas de vários países apoiam o documento, entre eles José Luis Zapatero, ex-primeiro-ministro espanhol, e Jean-Luc Mélenchon, líder da extrema-esquerda francesa. O sociólogo e ativista político americano Noam Chomsky também faz parte da lista de 150 personalidades que se dizem preocupadas com a demonstração de força do presidente brasileiro, que acreditam ser inspirada no levante americano de 6 de janeiro, no Capitólio. Bolsonaro conclama seus partidários a marcharem contra o Supremo Tribunal Federal e o Congresso Nacional, nesta terça-feira (7).


“Nós, autoridades eleitas e líderes de todo o mundo, estamos soando o alarme: em 7 de setembro, uma insurgência colocará em risco a democracia no Brasil”, diz o texto publicado em diversos jornais internacionais como o francês Libération, o britânico The Gardian e o português Publico. As reportagens afirmam que o presidente Jair Bolsonaro e seus aliados e representantes públicos de diferentes níveis de governo estão preparando uma marcha nacional contra a Suprema Corte brasileira, “alimentando temores de um golpe na terceira democracia mais populosa do mundo”.


Nas últimas semanas, o presidente Bolsonaro intensificou seus ataques às instituições democráticas do Brasil. Em 10 de agosto, ele encenou um desfile militar sem precedentes na capital, Brasília, enquanto seus aliados no Congresso pressionavam por reformas radicais no sistema eleitoral brasileiro, amplamente considerado um dos mais confiáveis ​​do mundo.


A imprensa europeia lembra que Bolsonaro e seu governo ameaçaram repetidamente anular as eleições presidenciais de 2022 se o Congresso Nacional não aprovar reformas. Agora o presidente convoca seus apoiadores a viajarem a Brasília no feriado nacional para um ato de intimidação às instituições democráticas do país.


Embate com o Judiciário


De acordo com o manifesto, “em mensagem divulgada pelo presidente brasileiro no dia 21 de agosto, essa marcha constituiria a preparação de uma ‘reação necessária’ contra o Congresso e o Supremo Tribunal Federal. A mesma mensagem do presidente afirma que a ‘Constituição Comunista’ do Brasil retirou poderes do presidente, que acusa ‘o Judiciário, a esquerda e todo um sistema de interesses ocultos’ de conspirarem contra ele”.


O texto segue dizendo que “membros do Congresso brasileiro também alertaram que a mobilização de 7 de setembro tem como modelo a insurgência de 6 de janeiro na capital norte-americana, quando o ex-presidente republicano Donald Trump, citando falsas alegações de fraude eleitoral durante a eleição presidencial de 2020, encorajou seus partidários a ‘acabarem com a fraude’".


A carta se encerra com a seguinte mensagem: “estamos profundamente preocupados com a ameaça iminente às instituições democráticas do Brasil e permanecemos vigilantes em sua defesa, antes e depois de 7 de setembro. O povo brasileiro luta há décadas para que a democracia triunfe sobre o regime militar. Bolsonaro não pode roubá-la deles”.


O presidente Jair Bolsonaro questiona a confiabilidade do voto eletrônico.  Após vários ataques à Justiça, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) decidiu, na segunda-feira 2 de agosto, investigar o presidente. Desde então, Bolsonaro exige a demissão do magistrado Alexandre de Moraes, que ordenou a abertura do inquérito.


Entre os principais assinantes do manifesto estão José Luis Rodríguez Zapatero, ex-primeiro-ministro da Espanha; Fernando Lugo, ex-presidente do Paraguai; Adolfo Pérez Esquivel, artista, Prêmio Nobel da Paz (Argentina); Noam Chomsky, intelectual (Estados Unidos); Yánis Varoufákis, parlamentar (Grécia); Ernesto Samper, ex-presidente da Colômbia; Jeremy Corbyn, parlamentar (Grã-Bretanha); Cori Bush, Câmara dos Representantes (Estados Unidos); Jean-Luc Mélenchon, deputado francês; Manon Aubry, eurodeputada (França); Celso Amorim, ex-Ministro das Relações Exteriores (Brasil).

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