Fim da era Trump? Líderes do Canadá, EUA e México se reúnem pela 1ª vez em 5 anos

Os presidentes dos Estados Unidos, Joe Biden, do México, Andrés Manuel López Obrador, e o primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, se reúnem nesta quinta-feira (18) em Washington no primeiro encontro em cinco anos entre os três líderes da América do Norte. A "Cúpula dos Três Amigos", como é chamado o evento, pode marcar uma mudança de tom após a administração de Donald Trump, apesar das divergências que persistem. 

Biden, Trudeau e López Obrador se reúnem na Cúpula dos "Três Amigos" © Fotomontagem RFI com fotos AP Photo/Evan Vucci/Adrian Wyld/Marco Ugarte

Com informações de Guillaume Naudin, correspondente da RFI em Washington

Mesmo se os “três amigos” estão ligados por acordos econômicos, desde 2016 os líderes da região não participam de um encontro do gênero. Apesar da proximidade e dos interesses em comum, as divergências não faltaram nos últimos anos, principalmente durante a administração de Donald Trump nos Estados Unidos. Por essa razão a Casa Branca apresenta essa reunião como uma ocasião de reafirmar os elos que unem os três países, numa tentativa de virar a página das tensões que marcaram a administração Trump. 


Para isso, os temas mais consensuais foram colocados no topo da lista, com uma agenda marcada pela luta contra a pandemia e com debates sobre a produção de vacinas na região, além da questão da mudança climática. 


Entre os tópicos econômicos, mesmo se a indústria automobilística é bastante integrada entre os três países, Canadá e México não escondem suas reticências diante das tendências protecionistas acenadas por Biden com seus projetos de carros elétricos. O plano de infraestrutura previsto por Washington favorece o “made in USA”, como o próprio chefe da Casa Branca confirmou durante uma visita a Detroit esta semana, e o assunto pode suscitar algumas tensões se for abordado.


Cuba fora das discussões 

No entanto, os temas mais espinhosos devem ficar fora das discussões. As relações com Cuba, por exemplo, não devem ser abordadas, mesmo se o presidente mexicano já criticou algumas vezes o embargo dos Estados Unidos à ilha comunista, classificando de “desumano” o tratamento dado aos cubanos. 


Outro tema sensível, que não está previsto na agenda oficial, é a reforma do setor elétrico no México, que pretende impedir a influência de empresas privadas, principalmente estrangeiras, no setor. Esta é uma das maiores apostas de Obrador, mas preocupa Estados Unidos e Canadá pelo seu potencial impacto nos investimentos, no âmbito do pacto comercial USMCA (acrônimo do acordo entre Estados Unidos, Canadá e México). "Pode ser que o tema seja abordado", chegou a cogitar o chanceler mexicano Marcelo Ebrard. Mas logo em seguida, ele mesmo praticamente descartou essa possibilidade. 


Além disso a busca de uma visão regional sobre as migrações, assunto que divide a opinião pública nos Estados Unidos e que era um dos temas prediletos de Trump, pode se convidar nas conversas entre os "três amigos".

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