Mary del Priore: É preciso despir os homens do potencial de violência

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A escritora e historiadora Mary del Priore fez uma palestra na tarde desta sexta-feira (11/3), no Salão de Atos do Parque Barigui, a convite da Prefeitura, Assessoria de Direitos Humanos e Políticas para as Mulheres e a Fundação Cultural de Curitiba.


O encontro faz parte da programação da Prefeitura para o Mês da Mulher e foi direcionado às entidades municipais que trabalham no atendimento ao público feminino.


Um panorama de lutas e conquistas

Com o tema: Sobreviventes e Guerreiras: a história das mulheres na luta contra o patriarcado, a escritora discorreu sobre a trajetória feminina ao longo dos séculos. Priore destacou a importância de reconhecer os avanços. 


"Precisamos focar as conquistas, apesar de toda violência que sofremos, nós tivemos grandes momentos", disse ela, ao destacar os anos 1960, com a pílula anticoncepcional, que possibilitou emancipação sexual, e a mudança das famílias do campo para a cidade, que deu oportunidades profissionais para as mulheres.


“Eu sugiro que, para a gente continuar com esse espírito de empoderamento, precisamos ver o copo meio cheio, nós somos herdeiras de várias conquistas: delegacia da mulher, secretaria de saúde, setor jurídico. Mas está faltando o básico. As mães precisam criar seus filhos homens sem preconceito, sem dizer que eles não podem chorar, que precisam ser machos, porque a violência masculina é construída. E, em muitos casos, vem de casa”, salienta Priore.


A historiadora ressalta a influência africana, indígena e europeia no patriarcado brasileiro. E complementa fazendo um chamamento para que as mães não sejam machistas e, sobretudo, que possam desarmar a virilidade que é incutida nos homens. “Essa é a única maneira de despi-los desse potencial de violência”, finaliza.


Rede de proteção

Para a assessora de Direitos Humanos e Políticas para as Mulheres, Elenice Malzoni, o encontro mostra significados e cenários familiares e um maior entendimento para toda a rede de proteção à mulher.


“O homem é o maior agente da violência contra a mulher e precisamos trabalhar de forma mais efetiva nas questões de gênero e no machismo. Assédio sexual e moral dentro das relações sociais e de trabalho, ´por exemplo, precisam ser combatidos”, comenta Elenice.


Um caminho de sucesso

Com mais de 40 livros editados, Priore também é conhecida pelas crônicas que publica no jornal O Estado de São Paulo. Nascida no Rio de Janeiro e aos 70 anos a escritora esbanja vitalidade e conhecimento.


Formada em História pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e com Doutorado em História Social pela Universidade de São Paulo, Mary del Priore saiu do Brasil, em 1966 para defender o título de Pós-Doutorado pela Ecole des Hautes Etudes em Sciences Sociales, em Paris.


Lecionou História do Brasil Colonial na Universidade de São Paulo e na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Atualmente, é Professora do Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Salgado de Oliveira, em Niterói (RJ). Além disso, atua como colaboradora em periódicos nacionais e internacionais.


Presenças

Também participaram a coordenadora geral da Casa da Mulher Brasileira, Sandra Praddo; a procuradora-geral do Município, Vanessa Volpi; a presidente da Fundação Cultural de Curitiba, Ana Cristina de Castro; a secretária da Comunicação Social, Cinthia Genguini; a assessora de Políticas da Promoção da Igualdade Étnico Racial, Marli Teixeira Leite; a coordenadora estadual da Mulher em Situação de Violência Doméstica e Familiar, desembargadora Ana Lúcia Lourenço; e o presidente da Fundação de Ação Social, Fabiano Vilaruel.

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