Alemanha denuncia "crime de guerra" na Ucrânia, onde cerca de 300 corpos foram enterrados em valas comuns

 


O vice-chanceler e ministro da Economia da Alemanha, Robert Habeck, denunciou, neste domingo (3), um "terrível crime de guerra" em Boutcha, na Ucrânia, e pediu novas sanções econômicas por parte dos países da União Europeia (UE) contra a Rússia. O Reino Unido também alertou que não permitirá que "a Rússia esconda o seu envolvimento nessas atrocidades por meio de desinformação cínica".

"Este terrível crime de guerra não pode ficar sem resposta", disse o ecologista Robert Habeck ao jornal alemão Bild, um dia após a descoberta de numerosos cadáveres nesta cidade a noroeste de Kiev, a capital ucraniana que foi resgatada dos russos. "Acho que um fortalecimento das sanções é indicado. É isso que estamos preparando com nossos parceiros da União Europeia", acrescentou o vice-chanceler alemão.

Para a ministra das Relações Exteriores, Annalena Baerbock, as imagens que chegam de Boutcha são "insuportáveis". "A violência desenfreada de Putin está acabando com famílias inocentes e não tem limites", escreveu no Twitter a chefe da diplomacia alemã, acrescentando que "os responsáveis ​​por esses crimes de guerra" devem "ser responsabilizados". "Vamos fortalecer as sanções contra a Rússia e apoiar ainda mais a Ucrânia em sua defesa", disse, sem dar mais detalhes.

O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, reforçou o pedido de mais sanções contra Moscou. "Chocado com as imagens assombrosas das atrocidades cometidas pelo exército russo na região libertada de Kiev", escreveu Michel, em sua conta no Twitter, mencionando a hashtag "#BuchaMassacre", (em inglês). "A UE está ajudando a Ucrânia e ONGs a reunirem as provas necessárias para ações nos tribunais internacionais", acrescentou. "Mais sanções e ajuda da UE estão a caminho", completou.

“Massacre deliberado”

A Ucrânia denunciou neste domingo um "massacre deliberado" atribuído aos russos, acusou o ministro ucraniano das Relações Exteriores, Dmytro Kuleba. "Os russos querem eliminar tantos ucranianos quanto for possível. Nós devemos pará-los e expulsá-los. Eu exijo novas sanções devastadoras do G7 agora", escreveu Kuleba no Twitter.

"Região de Kiev. Inferno do século 21. Corpos de homens e mulheres, que foram mortos com as mãos amarradas. Os piores crimes do nazismo retornaram à UE", tuitou o conselheiro da presidência ucraniana Mykhaylo Podolyak. 

Comparando Boutcha ao massacre de Srebrenica, na Bósnia, em 1995, Pololyak acusou o Ocidente de tentar "não provocar os russos" para evitar uma Terceira Guerra Mundial. 

"Como resultado, o mundo viu um horror indescritível de desumanidade em Boutcha, Irpin, Gostomel. Centenas, milhares de pessoas mortas, dilaceradas, estupradas, amarradas", disse. "Vocês ainda vão tentar virar as costas? Organizar outra cúpula para se preocupar e balançar a cabeça?", afirmou, dirigindo-se aos líderes europeus.

As forças ucranianas só conseguiram penetrar em Boutcha há alguns dias. Ocupada pelos russos, a cidade permaneceu inacessível por quase um mês. No sábado (2), correspondentes da agência AFP registraram imagens de pelo menos 20 cadáveres com roupas civis em uma rua de Boucha. Um homem tinha as mãos amarradas e o passaporte ao lado. 

Os corpos estavam espalhados em centenas de metros. "Todas essas pessoas foram baleadas", "eles (os russos) as mataram com uma bala na nuca", assegurou o prefeito de Boutcha, Anatoly Fedorouk. 

A oficial de direitos humanos do Parlamento ucraniano, Lioudmila Denissova, por sua vez, denunciou um "genocídio" e um "crime contra a humanidade", pedindo julgamento e sentenças severas à "horda bárbara da Rússia".

Os russos, ao se retirarem, deixaram para trás "um desastre total e muitos perigos", declarou o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky.

Reino Unido lamenta "atos revoltantes"

A ministra das Relações Exteriores britânica, Liz Truss, denunciou neste domingo os "atos revoltantes" cometidos pelo exército russo contra civis na Ucrânia, particularmente em Boutcha, na região de Kiev, e pediu uma "investigação de crimes de guerra".

"À medida que as tropas russas são forçadas a recuar, vemos evidências crescentes dos atos terríveis cometidos pelas forças invasoras em cidades como Irpin e Boutcha", disse Liz Truss, em comunicado. "Seus ataques indiscriminados a civis inocentes durante a invasão ilegal e injustificada da Ucrânia devem ser investigados por crimes de guerra", acrescentou. "Não permitiremos que a Rússia esconda o seu envolvimento nessas atrocidades por meio de desinformação cínica", completou a chefe da diplomacia britânica. 

Liz Truss ainda assegurou que o Reino Unido "apoiará totalmente qualquer investigação do Tribunal Penal Internacional" e pediu, mais uma vez, para "aumentar as sanções" contra a Rússia.

O Ministério da Defesa russo garantiu, neste domingo, que o seu exército não matou civis em Boutcha, perto de Kiev, cidade recentemente tomada por forças ucranianas.

(Com informações da AFP e Texto por: RFI)

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