Rússia é suspensa do Conselho de Direitos Humanos da ONU e Brasil se abstém em votação

 


A Assembleia Geral das Nações Unidas decidiu, nesta quinta-feira (7), suspender a Rússia do Conselho de Direitos Humanos da organização, como punição pela invasão da Ucrânia. Dos 193 membros da assembleia, 93 votaram a favor da suspensão, enquanto 24 votaram contra e 58 se abstiveram. 


Esta é a segunda vez que um país é suspenso do Conselho de Direitos Humanos da ONU. O primeiro foi a Líbia, em 2011, depois de um processo iniciado pelos Estados Unidos. A China, membro permanente do Conselho de Segurança da Organização, foi contrária à suspensão. O país justificou sua decisão julgando a votação "precipitada" e denunciando um "precedente perigoso", que poderia piorar o conflito. 


O Brasil, o México e a Índia, que são membros não-permanentes do Conselho de Segurança, optaram pela abstenção, assim como vários países africanos. Entre eles, a África do Sul e o Senegal. 


O embaixador do Brasil na ONU, Ronaldo Costa Filho, disse que "o Brasil decidiu se abster na votação de hoje porque acredita que a comissão de inquérito deve ter permissão para concluir sua investigação independente e as responsabilidades possam ser determinadas".


Ele acrescentou que o país está "profundamente preocupado" com supostas violações de direitos humanos na Ucrânia e "totalmente comprometido em encontrar maneiras de cessar imediatamente as hostilidades e promover um diálogo real que leve a uma solução pacífica e sustentável".


O Irã, o Cazaquistão e Cuba também foram contrários à decisão e, sem surpresa, a Rússia, Belarus e a Síria se opuseram à resolução. De acordo com o governo americano, a suspensão da Rússia do Conselho de Direitos Humanos é mais do que "simbólica" e mostra o isolamento de Moscou na cena internacional.



Rússia lamenta decisão

"Lamentamos a decisão", reagiu o porta-voz do presidente Vladimir Putin, Dmitri Peskov, em entrevista ao canal britânico Sky News. De acordo com o Ministério das Relações Exteriores russo, a suspensão "é ilegal." Citado pela agência RIA, o vice-embaixador da Rússia nos Estados Unidos, Guennadi Kouzmine, declarou que o país tinha decidido renunciar imediatamente à cadeira no Conselho de Direitos Humanos após a votação. Ele denunciou a "motivação política" da decisão.


A Ucrânia agradeceu pela suspensão da Rússia, afirmando que não cabe a "criminosos de guerra" estarem representados nesta instância da ONU. "Os criminosos de guerra não têm lugar nos organismos da ONU encarregados da proteção dos direitos humanos", declarou o ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, no Twitter. "Agradecemos a todos os Estados-membros que apoiaram a resolução e ficaram do lado certo da história", completou.



A Rússia integrava o Conselho de Direitos Humanos da ONU desde 2006. O término do seu mandato estava previsto para 2023. Desde a invasão na Ucrânia, a Assembleia Geral da ONU se pronunciou três vezes sobre a guerra. Em 2 de março, em uma votação histórica, 141 países condenaram a invasão desencadeada pela Rússia, 5 foram contra e 35 defenderam a abstenção. Em 24 de março, a Assembleia Geral pediu a abertura de corredores humanitários e a proteção dos civis no país.



Ucrânia pede armas à Otan


O secretário de Estado americano, Antony Blinken, disse nesta quinta-feira (7), que as forças russas podem estar cometendo novas "atrocidades" na Ucrânia, depois que vários corpos foram descobertos em Bucha, após a retirada destas tropas.  


"Para cada Bucha, há muito mais povoados que a Rússia ocupou e muitos povoados ainda ocupados, onde devemos presumir que os soldados russos estão cometendo mais atrocidades neste exato momento", considerou Blinken, após uma reunião dos ministros das Relações Exteriores dos países-membros da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) com a presença do chanceler ucraniano, Dmytro Kuleba, em Bruxelas.


O ministro ucraniano das Relações Exteriores, Dmytro Kuleba, pediu nesta quinta-feira (7) aos países membros da Otan que forneçam mais armamento a seu país para combater e derrotar as forças russas. "Venho pedir três coisas: armas, armas e armas. Quanto mais rápido forem entregues, mais vidas serão salvas e destruição evitada", declarou, ao chegar à sede da Otan em Bruxelas para uma reunião com ministros das Relações Exteriores dos países membros da organização.



"Está claro que a Alemanha pode fazer mais, levando em consideração suas reservas. Trabalhamos com o governo alemão para que forneça armas adicionais", acrescentou. Citada diretamente por Kuleba, a ministra alemã Annalena Baerbock afirmou que seu país apoia "a Ucrânia para ajudá-la em sua capacidade de defesa, mas é importante estabelecer uma coordenação, atuarmos juntos e não individualmente".

Abastecimento energético é uma das principais preocupações dos países ocidentais na guerra entre a Rússia e a Ucrânia REUTERS/Valentyn Ogirenko



Reunião do G7


A Ucrânia precisa de armas dos países da Otan "agora" ou será "tarde demais", disse o ministro das Relações Exteriores ucraniano, Dmytro Kuleba, em uma reunião da Aliança em Bruxelas, nesta quinta-feira (7). "Não tenho dúvidas de que a Ucrânia terá as armas necessárias para lutar. A questão é quando", disse ele, após se reunir com seus colegas de países da Otan, exigindo, também, com a mesma urgência, que os ocidentais parem de comprar petróleo e gás russos.


"Ou você nos ajuda agora, e estou falando de dias, não semanas, ou sua ajuda chegará tarde demais. E muitas pessoas morrerão, muitos civis perderão suas casas, muitas cidades serão destruídas se essa ajuda chegar tarde demais", acrescentou. Dmytro Kouleba alertou que, enquanto houver debate, "a batalha por Donbass está em andamento". "Infelizmente, vai piorar. A batalha de Donbass vai lembrar a Segunda Guerra Mundial", com "milhares de tanques, veículos blindados, aviões e artilharia", alertou. "Não será uma operação local", acrescentou.


Sanções


O G7, que reúne as economias mais avançadas, concordou nesta quinta-feira (7) em impor novas sanções contra a Rússia pelas "atrocidades cometidas pelas forças armadas russas" contra civis na Ucrânia. "Proibimos novos investimentos em indústrias da economia russa, incluindo energia", indicam as potências do G7 em um comunicado, que também anuncia "sanções adicionais contra o setor de defesa russo" e contra "elites e seus parentes" que apoiam a guerra decidida pelo presidente russo Vladimir Putin contra a Ucrânia.


As proibições de exportação de certos bens serão estendidas, assim como as sanções contra bancos e empresas públicas russas, de acordo com o texto. Enquanto um embargo às importações de energia não é considerado nesta fase, os países do G7 querem "avançar" nos planos para reduzir sua dependência da energia russa, que incluem, entre outros, "uma saída gradual do carvão russo".


(Com informações da AFP) 

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