Zuckerberg muda nome do grupo para Meta e tenta limitar desgaste de imagem do Facebook

"Meta" é o nome da nova matriz do grupo Facebook. JUSTIN SULLIVAN GETTY IMAGES NORTH AMERICA/AFP

O CEO do Facebook, Mark Zuckerberg, anunciou nesta quinta-feira (28) que o nome de seu grupo mudará para "Meta", para representar um futuro que vai além das atribulações enfrentadas atualmente pela rede social.

"Aprendemos muito ao enfrentar questões sociais e viver em plataformas fechadas, agora chegou a hora de pegarmos tudo o que aprendemos e ajudar a construir o próximo capítulo", disse Zuckerberg durante uma conferência anual de desenvolvedores. "Nossos aplicativos e suas marcas não vão mudar", acrescentou. Nenhuma mudança tampouco está prevista na estrutura corporativa do grupo.

Este anúncio acontece logo após a empresa divulgar um investimento massivo para construir o "metaverso", um universo digital paralelo ao nosso, onde os usuários interagem em espaços virtuais compartilhados. Falando na conferência, transmitida ao vivo pelo Facebook, Zuckerberg disse que a mudança de nome reflete a nova prioridade do grupo californiano. 

A mudança, no entanto, é interpretada por críticos como uma manobra para desviar a atenção dos escândalos e polêmicas envolvendo a rede social, como a tolerância em relação às informações mentirosas, o tratamento opaco do sigilo de dados, passando pelo desrespeito à concorrência.

A empresa "acha que uma nova marca pode ajudá-la a mudar de assunto", reagiu na semana passada uma ONG de ativistas anti-Facebook, ironicamente batizada de "o verdadeiro conselho de supervisão do Facebook ("The real Facebook oversight board"), quando rumores sobre a mudança de nome começaram a circular.

A insatisfação de autoridades e da sociedade civil com as práticas da rede social cresceu, nas últimas semanas, com as revelações da ex-funcionária Frances Haugen. Em depoimento ao Senado dos EUA, ela acusou o Facebook de ter ignorado os riscos de veiculação de conteúdo tóxico no Instagram para adolescentes, de propagar informações falsas que prejudicam a democracia, entre outras condutas questionáveis, com o objetivo de preservar seus lucros.

Nova ambição

No entanto, Zuckerberg tem falado sobre o metaverso há alguns meses. Ele já anunciou investimentos de vários bilhões nos próximos anos e o recrutamento de 10.000 pessoas na Europa para este projeto. Nesta quinta-feira, ele deu mais detalhes sobre suas ambições, traçando um futuro digno de ficção científica, ao mesmo tempo em que fornece uma visão de marketing para as marcas.

De acordo com especialistas, o objetivo do metaverso é estender a realidade ao espaço digital. Mas até agora, ele ainda não tinha tido um impacto fundamental no funcionamento das sociedades. Em teoria, em um metaverso seria possível criar um negócio que produza valor, prestar serviços, festejar junto com pessoas, filosofar em torno de um incêndio com amigos virtuais. Mas também voar, lutar contra Godzilla ou embarcar em um navio pirata.

Por enquanto, o metaverso continua sendo apenas uma possibilidade de ouro: criar um espaço digital real onde bilhões de avatares podem interagir com seus ambientes, onde o mundo é suficientemente palpável, perfumado e vivo para torná-lo crível. Um feito tecnológico ainda distante, mas que Zuckerberg acredita estar ao alcance de sua experiência e ambição.

(Com informações da AFP e RFI)

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