Biden reduz pacote social e ambiental à metade do valor para vencer resistência do Congresso

O presidente dos EUA, Joe Biden, a presidenta da Câmara, Nancy Pelosi, e o líder da maioria democrata na Casa, Steny Hoyer, chegam ao Capitólio, em Washington. 28/10/2021 Mandel Ngan AFP

Texto por: RFI

O presidente americano, Joe Biden, reduziu à metade o montante de seu plano de gastos sociais e ambientais para os próximos dez anos, com o objetivo de superar a resistência à aprovação do pacote no Congresso. Biden diminuiu o montante para US$ 1,75 trilhão e pediu ao Congresso para aprovar o projeto de lei o mais rapidamente possível.


A proposta inicial, considerada alta demais, vinha sendo criticada por alguns deputados e senadores democratas e pela oposição republicana, que via um risco de inflação nos próximos anos caso uma quantia muito grande de dinheiro inundasse a economia americana. 

Com isso, Biden anunciou o recuo pouco antes de embarcar para a Europa, onde irá participar da cúpula do G20 em Roma, sábado (30) e domingo (31), e da Conferência da ONU sobre mudanças climáticas (COP26), a partir de segunda-feira (1), em Glasgow. 


"Depois de meses de negociações difíceis e intensas, temos um acordo dentro de um âmbito que acredito que poderá ser adotado”, tuitou o presidente, antes de se dirigir ao Congresso. Ainda que o montante tenha sido cortado pela metade, para obter o apoio de todas as alas do Partido Democrata, Biden qualificou o programa de "histórico". 


"O presidente Biden está convencido de que o novo formato do acordo pode ser adotado por ambas as casas do Congresso e está ansioso para assiná-lo", declarou a Casa Branca, ansiosa para obter uma vitória política após meses de tensão sobre o financiamento do plano "Build Back Better", algo como "Construir Melhor" em português, que pretende modernizar os Estados Unidos.


Biden quer chegar à Europa trazendo a imagem de que os Estados Unidos estão comprometidos com a transição energética e com o crescimento econômico, bem como com a luta contra as desigualdades sociais e a evasão fiscal. Além do plano de gastos sociais e ambientais, o Congresso também deve validar um segundo plano de cerca de US$ 1 trilhão para modernizar a infraestrutura do país.


“O presidente acredita que a (nova) estruturação permitirá que ele ganhe o apoio dos 50 senadores democratas e terá a aprovação da Câmara dos Representantes”, disse uma autoridade do governo.


A Casa Branca afirma que Biden ouviu os "argumentos de todas as partes" e "negociou de boa fé" com os senadores centristas Joe Manchin e Kyrsten Sinema, a liderança do Congresso e um amplo número de parlamentares. 

Os votos de Manchin e Sinema são fundamentais para a adoção dos dois programas porque a maioria democrata no Senado é tão apertada que uma única voz dissonante equivale a um veto. 

Esses dois senadores têm obstruído a proposta até agora. Eles consideram o valor muito alto e se opõem também à forma de financiá-lo, em particular com aumentos de impostos para empresas e famílias mais ricas.


Na manhã desta quinta-feira, Biden se juntou aos democratas no Capitólio para as negociações finais. O presidente e seu governo nunca deixaram de destacar a importância desses planos, argumentando que os Estados Unidos estão perdendo competitividade e se tornaram um aluno pobre entre os países avançados, seja em educação, meio ambiente ou rede de segurança social.


Em um documento detalhando as medidas, a Casa Branca observa que o plano "economizaria para a maioria das famílias americanas mais da metade de suas despesas com creches" e "proporcionaria dois anos de pré-escola gratuita para cada criança de 3 e 4 anos" de idade. Hoje, a maioria das escolas do país não acolhe crianças antes dos 5 anos. O pacote também inclui a continuidade dos créditos fiscais concedidos em função do número de crianças nas famílias e amplia o acesso aos cuidados que prestam serviços a domicílio.


US$ 555 bilhões para o clima

Dirigindo-se aos participantes da COP26, a Casa Branca enfatiza que o plano “Build Back Better” contempla “o maior esforço (financeiro) para lutar contra as mudanças climáticas da história americana”, ou seja, US$ 555 bilhões.


Se adotado, esse programa reduziria significativamente a poluição causada pelos gases de efeito estufa, "reduziria os custos de energia dos consumidores (...), criaria centenas de milhares de empregos de alta qualidade e promoveria a justiça ambiental". É um investimento "único (...) na história", voltado para os setores de construção, transportes, indústria, energia, agricultura e saneamento.


“O plano colocará os Estados Unidos no caminho certo para cumprir suas metas climáticas, alcançando até 2030 uma redução de 50 a 52% das emissões de gases de efeito estufa abaixo dos níveis de 2005.” Segundo a Casa Branca, os gastos podem ser financiados por "empresas grandes e lucrativas". O projeto de lei contém medidas para que essas empresas "não possam reduzir sua conta tributária a zero" e prevê disposições para que milionários e bilionários participem do financiamento.

(Com informações da AFP)

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