África do Sul divulga primeiro estudo sobre eficácia de vacina contra a ômicron: "melhor do que esperado"

Homem recebe vacina da Pfizer/BioNTech em um centro de imunização de Joanesburgo, na África do Sul, em 1° de outubro de 2021. AP - Themba Hadebe

Texto por: RFI
Os resultados preliminares de um primeiro estudo sobre o efeito de uma das vacinas anticovid diante da variante ômicron foi divulgado nesta quarta-feira (8) por um renomado centro de pesquisas da África do Sul. Segundo o laboratório, o resultado é "melhor do que esperado". 


O Africa Health Research Institute avaliou a eficácia do imunizante desenvolvido pelas farmacêuticas Pfizer e BioNTech em relação à nova cepa do coronavírus, classificada como "preocupante" pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Segundo o professor Alex Sigal, que participou da pesquisa, essa vacina demonstrou "uma forte diminuição" na neutralização da variante omicron. 


No entanto, a pesquisa aponta que quem recebeu duas doses do fármaco da Pfizer/BioNTech ou já foi infectado pelo Sars-CoV-2 tem grandes chances de neutralizar a nova variante. Segundo o laboratório, isso sugere que uma dose de reforço já pode ajudar a combater a doença. 


"Esses resultados são melhores do que esperávamos. Quanto mais você desenvolver anticorpos, mais chances você tem de ser protegido contra a ômicron", afirmou Sigal, que publicou detalhes sobre a pesquisa em uma série de tuítes. 


O professor também ressaltou que, até o momento, o laboratório não estudou os efeitos da terceira injeção de reforço em relação à ômicron, já que ainda não está sendo administrada na África do Sul. "Não há razão para duvidar" da eficácia das vacinas


Na terça-feira (7), a Organização Mundial da Saúde (OMS) afirmou que não há provas de que a ômicron provoque reações mais graves do que as linhagens anteriores da Covid-19 e que "não há razão para duvidar" da eficácia dos imunizantes.


"Temos vacinas muito eficientes que provaram seu poder contra as variantes até agora, em termos de gravidade da doença e de hospitalização", afirmou em entrevista o diretor de emergências da OMS, Michael Ryan. O especialista destacou os resultados preliminares da pesquisa realizada pelo Africa Health Research Institute, que "sugerem que a vacina aguenta no que diz respeito à proteção". 


Diante do pânico gerado pela detecção desta nova variante, com muitas mutações e aparentemente mais contagiosa, Ryan garantiu que os primeiros estudos não apontam para uma versão mais virulenta do coronavírus. No entanto, alertou: "É muito cedo, temos que ser cautelosos em como interpretamos esses sinais", completou.


Ryan admitiu que existe a possibilidade de que as vacinas existentes percam certa eficácia diante da ômicron, que conta com mais de 30 mutações da proteína da espícula, o que permitiria uma invasão mais fácil das células. É "altamente improvável", porém, que possa escapar de todas as proteções trazidas pela vacina, afirmou o epidemiologista de 56 anos. 


"Os dados preliminares da África do Sul não indicam que teremos uma perda catastrófica de eficácia. Na verdade, é o contrário por enquanto", continuou Ryan, garantindo que "a melhor arma que temos agora é a vacinação". 


O médico irlandês prevê que a ômicron substituirá gradativamente a delta, variante dominante atualmente, detectada inicialmente na Índia e também mais contagiosa. No entanto, para ele, o fenômeno não é surpreendente. "Quando uma nova variante aparece, ela tende a ser mais transmissível porque tem que competir com as variantes anteriores", explicou.


Apenas duas semanas depois que sua detecção foi anunciada na África do Sul em 24 de novembro, a ômicron já foi identificada em dezenas de países. Ryan destacou que a nova linhagem deve continuar sendo combatida com as mesmas medidas: vacinas, máscaras e distância física.


"O vírus não mudou de natureza. Pode ter mudado em termos de eficiência (...), mas as regras do jogo ainda são as mesmas", concluiu.


(Com informações da AFP)

Nenhum comentário

Postar um comentário

O Jornal de Curitiba reforça o compromisso com o jornalismo paranaense, profissional e de qualidade. Nossa redação produz diariamente informação responsável e que você pode confiar.
Siga o Jornal de Curitiba no Facebook, no Twitter e no Instagram. Ajude a aumentar nossa comunidade.
Dê sua opinião sobre a qualidade do conteúdo que você acessou.
Registre sua opinião

©1999 | 2024 Jornal de Curitiba Network BrasilI ™
Uma publicação da Editora MR. Direitos reservados.